T&D – Tempo e Dinheiro

publididade

InvestNews – A dívida pública mobiliária

Compartilhe:

InvestNews – A dívida pública mobiliária – total de títulos públicos que o Tesouro Nacional emite para financiar o governo –, chegou a R$ 7 trilhões em agosto, último dado disponível. Para conseguir rolar essa dívida crescente, o governo tem aumentado a oferta de papéis pós-fixados indexados à Selic (LFTs).

Do volume de títulos vendidos este ano (em termos líquidos, descontando a parcela de papéis que venceu), cerca de 75% foram LFTs. A escolha de rolar a dívida usando LFTs – e não prefixados (LTN e NTN-F) ou papéis atrelados a índices de preço (NTN-B) – é uma estratégia que o Tesouro adota para driblar o momento negativo do mercado. É que, agora, o investidor até topa emprestar dinheiro para o governo, mas cobra um juro alto para isso.

Para se ter uma ideia, nos últimos leilões semanais que o Tesouro fez para rolar esse caminhão de dívida, os investidores chegaram a pedir taxas perto de 13% ao ano, bem acima do juro básico no momento, de 10,75% ao ano. Como não concorda com essa taxa, o Tesouro prefere rolar a dívida com os títulos indexados à Selic. Se concordasse, ele estaria indicando que aceita se comprometer com uma taxa muito alta por um período longo, de cinco ou dez anos.

Esse clima negativo do mercado em relação ao fiscal não é novo, mas vem tomando proporções maiores nas últimas semanas. E representa um contraste quando se olha para os indicadores de curto prazo da economia: o desemprego está nas mínimas históricas, enquanto a renda e o PIB estão em alta. Ao mesmo tempo, o Brasil conseguiu até uma melhora em sua nota de crédito concedida pela agência Moody’s, que colocou o país a um degrau do grau de investimento.

Nada disso tem entusiasmado os investidores. O real vem perdendo valor e tem um dos piores desempenhos dentre as principais moedas globais, assim como a bolsa brasileira.

Esses números mostram que, na cabeça do investidor, o bom momento da economia pode ser passageiro.

O crescimento do PIB vai acontecer a uma taxa muito menor do que a expansão da dívida. Logo, como mostrou o FMI, a relação dívida/PIB vai piorar. E isso desorganiza a economia. A saída para essa situação é: 1) aumento de impostos, 2) corte de gastos ou 3) aumento da inflação.

O mercado está se protegendo do terceiro cenário, o da inflação – e sabe como o governo tem se dedicado a ampliar a arrecadação e como tem tido dificuldades com o cortes de gastos.

Essa informação está expressa em outro título da dívida: as NTN-Bs, papéis que rendem uma taxa prefixada mais a variação de inflação. Os títulos com vencimento em 2027 embutem hoje uma projeção de inflação (a chamada inflação implícita) de 5,75% ao ano. Nos últimos 12 meses, o IPCA acumula alta de 4,42%.

Outro sinal preocupante: a NTN-B com vencimento em 2045 negociado pelo Tesouro Direto está pagando nesta quinta-feira. (24) um juro real de 6,72%. Para se ter uma ideia da escalada negativa que está em curso, esse papel abriu a semana pagando um juro real de 6,58%.

O problema disso tudo é que os números negativos do mercado afetam diretamente a economia real. O dólar mais alto pode gerar inflação. As projeções de juros desestimulam o investimentos de longo prazo, necessários para melhorar o espaço para crescimento econômico. Juro alto direciona recursos para aplicações de renda fixa. E a fraqueza da bolsa tira um importante instrumento de captação de recursos para as empresas, que são as ofertas de ações.

Pode haver algum exagero nessa leitura negativa? É possível.

Dentro do governo, segundo apurou o InvestNews, existe a leitura de que o mercado está “ignorando” o fato de que será divulgado, passadas as eleições municipais, um pacote de revisão de gastos. E que, quando essas medidas forem conhecidas, deve haver uma correção positiva dos preços dos ativos.

Por ora, o mercado prefere pagar para ver.

Compartilhe:

publididade

Deixe um comentário

publididade

Site protegido contra cópia de conteúdo

AO VIVO: Acompanhe as principais notícias do dia na Record News

PRÓS E CONTRAS - 03/05/2023

JORNAL DA MANHÃ - 18/05/2023

VTV SBT - Ao vivo 24h