Foram instaladas nesta quarta-feira (17) na Câmara dos Deputados três comissões parlamentares de inquérito (CPIs). Elas vão investigar a atuação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), a manipulação do resultado de partidas de futebol e uma possível fraude financeira na empresa Americanas.
O que é e como funciona uma comissão parlamentar de inquérito
Os colegiados devem concluir seus trabalhos no prazo de 120 dias, prorrogáveis por mais 60 dias, se assim decidir a maioria de seus membros.
MST
A comissão que vai investigar as invasões do MST será presidida pelo deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS) e terá a relatoria do deputado Ricardo Salles (PL-SP).
A atribuição da relatoria a Salles, que foi ministro do Meio Ambiente, gerou questionamento da deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP). Segundo ela, o regimento impede parlamentares de relatar matéria quando há interesses pessoais envolvidos.
Bonfim sustentou que Salles tem interesse econômico relacionado à pauta, em razão de ter entre seus financiadores usineiros e madeireiros. Além de interesses ideológicos, tendo em vista que fez campanha contra o ativismo rural.
“Quando foi candidato a deputado federal em 2018, Salles fez campanha baseada na criminalização do MST. Na época, ele foi investigado porque dizia abertamente que iria fuzilar os militantes do movimento”, disse a parlamentar, que teve questionamento rejeitado pelo presidente do colegiado.
Por sua vez, Salles disse que vai trabalhar “com máximo de abertura para o diálogo” e que espera poder contar com a ajuda daqueles que representam uma visão favorável aos movimentos e à reforma agrária.
Fonte: Agência Câmara de Notícias
Em defesa do MST, esquerda causa confusão na abertura da CPI (REVISTA OESTE)
Deputada federal Sâmia Bomfim (Psol-SP) quis impedir a nomeação de Ricardo Salles (PL-SP) como relator do colegiado
A primeira sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) começou com um bate-boca entre os integrantes do colegiado.
Tudo começou quando o presidente do colegiado, deputado federal Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS), escolheu o também deputado Ricardo Salles (PL-SP) como o relator da CPI.
Então, a deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) fez uma questão de ordem dizendo que Salles não poderia ser o relator da comissão, pois ele “tem conflito de interesse”. Segundo a parlamentar, Salles é investigado por extração ilegal de madeira e é financiado pelo empresário Rubens Ometto, presidente da Cosan — empresa produtora de bioetanol, açúcar e energia.
O presidente da comissão rejeitou a questão de ordem da parlamentar, sob o argumento de que ele era de natureza “subjetiva” e de foro íntimo. Em seguida, o deputado federal Éder Mauro (PL-PA) rebateu Sâmia, dizendo que o MST não quer o “bem do Brasil”.
“Trata-se de um grupo desocupado que não tem nem CNPJ”, disse Mauro. Sâmia respondeu ao colega de Parlamento dizendo que ele “responde pelo crime de tortura” e ainda quer falar de “movimento social”. Ambos se exaltaram e outros membros também levantaram a voz. O microfone de todos foi fechado.
Por fim, para tentar amenizar o clima, Zucco fez um discurso destacando que a CPI do MST vai se ater apenas a fatos, provas e requerimentos. “Não queremos revanchismo”, declarou. Salles também ressaltou que “vai trabalhar com o máximo de imparcialidade”.
Câmara instala CPIs para investigar MST, Americanas e suspeita de manipulação no futebol (Reuters)
BRASÍLIA (Reuters) – A Câmara dos Deputados instalou nesta quarta-feira três Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) para investigar as inconsistências contábeis envolvendo a Americanas, as suspeitas de manipulação de jogos de futebol e ainda a atuação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), esta última sob o comando da oposição.
Por isso mesmo, das três comissões instaladas nesta quarta, a do MST é a que deve oferecer maior risco político ao governo, tradicionalmente identificado com o movimento pela reforma agrária.
A presidência da CPI do MST ficou a cargo do deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), enquanto a relatoria foi conferida ao deputado Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro do Meio Ambiente do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A CPI das Americanas, que contou com apoio de aliados do governo, será presidida pelo deputado Gustinho Ribeiro (Republicanos-SE). O deputado Carlos Chiodini (MDB-SC) ficará com a relatoria. A comissão foi criada para apurar inconsistências da ordem de 20 bilhões de reais detectadas no início deste em lançamentos contábeis da Americanas referentes a demonstrações financeiras anteriores.
No caso da CPI sobre suspeita de manipulação de jogos de futebol, foi escolhido o deputado Julio Arcoverde (PP-PI) para a presidência e não houve a designação formal de um relator.
Além disso, uma outra CPI — desta vez mista, formada por deputados e senadores — se apresenta no horizonte para investigar os atos antidemocráticos de 8 de janeiro que resultaram na depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília por aliados de Bolsonaro.
Segundo o deputado Arthur Oliveira Maia (União-BA), já foi alcançado apoio de número suficiente de parlamentares para a instalação do colegiado.
“Falei há pouco com o senador Rodrigo Pacheco (presidente do Congresso) e fui informado que a instalação do colegiado acontecerá na próxima terça-feira, 23/05”, publicou Maia no Twitter.