Afetados pela queda nos preços dos grãos, agricultores e empresas agrícolas dos Estados Unidos têm enfrentado uma diminuição na renda e reduzido seus gastos. O setor agrícola dos EUA enfrenta um novo momento difícil, com a renda líquida das caindo 4% neste ano, para US$ 141 bilhões, após recuar cerca de 20% no ano passado, segundo o USDA. Preços mais baixos das commodities, como soja e trigo, pesaram, depois que produtores plantaram grandes safras e aumentaram os estoques. Já os custos com itens essenciais, como fertilizantes e equipamentos, subiram.
Alguns agricultores esperam um impulso de um pacote de resgate de bilhões de dólares, anexado ao Projeto de Lei de gastos federais nesta semana. O projeto prevê US$ 10 bilhões de apoio aos agricultores, além de cerca de US$ 21 bilhões para ajuda em desastres naturais.
Os Estados Unidos fornecem subsídios para seus agricultores desde a década de 1930, como uma forma de combater a pobreza rural. Hoje, os subsídios vêm principalmente sob a forma de seguros que permitem a obtenção de empréstimos. Pagamentos em dinheiro diretos, embora às vezes controversos, têm sido usados para apoiar os agricultores durante períodos de recessão agrícola.
Para o próximo ano, se estima que esses desafios continuem. Alguns dos maiores transportadores de grãos e fornecedores de defensivos do mundo se preparam para uma economia agrícola em retração, cortando custos ou demitindo funcionários. As perdas por acre para os produtores de milho devem ser maiores em 2025 do que nos dois anos anteriores, segundo a National Corn Growers Association.
O presidente eleito Donald Trump também prometeu tarifas sobre México e China, principais importadores de produtos agrícolas dos EUA, além do Canadá, grande produtor de fertilizantes. Políticas de governo que subsidiam a produção de biocombustíveis, que tendem aumentar os preços para os agricultores, também podem sofrer mudanças sob a nova administração, disseram analistas e executivos de empresas.
Grupos comerciais agrícolas estão circulando listas de solicitações aos legisladores que vão além dos pagamentos diretos e que poderiam servir de proteção contra a atual crise do mercado.
A crise financeira no campo ocorre após um dos períodos mais fortes da agropecuária na história, quando os preços dos grãos dispararam durante a pandemia do Covid-19 e novamente após a Rússia invadir a Ucrânia. A guerra fez os preços do trigo e do milho subirem, contribuindo para o aumento dos preços dos alimentos. Também elevou a renda líquida dos produtores para um recorde em 2022, segundo o USDA. Desde então, as exportações de grãos foram retomadas pelo Mar Negro, e o clima mais favorável em regiões-chave produtoras na América do Sul ajudou a aumentar os estoques globais, pressionando os preços.
A Bayer, fabricante do herbicida mais usado no mundo, o Roundup, reduziu a sua estimativa de lucros para o ano inteiro, na medida em que agricultores diminuíram os gastos com sementes e defensivos. Tradings como Cargill, Bunge e Archer Daniels Midland (ADM), também estão sob pressão, registrando vendas ou lucros significativamente mais fracos.
A Cargill, uma das maiores empresas privadas do mundo, informou no início do mês que vai demitir 5% de sua equipe global, ou cerca de 8.000 funcionários. As ações da Bunge e da ADM caíram mais de 20% este ano. As ações da Bayer, que são negociadas na Alemanha, caíram cerca de 40% no último ano.
Mas a economia agrícola não colapsou para todos. Os lucros aumentaram para processadores de frango, como a Tyson Foods, já que seu maior custo, o grão usado para alimentar as galinhas, despencou. Já as ações da fabricante de sementes e defensivos Corteva subiram 20% no último ano, impulsionadas pela popularidade de suas sementes da marca Enlist.
A eleição de Donald Trump elevou o ânimo de muitos agricultores, que acreditam que suas políticas podem beneficiar a economia agrícola, dizem analistas. Em 2018 e 2019, durante o seu primeiro mandato, cerca de US$ 23 bilhões em dinheiro dos contribuintes foram pagos aos agricultores para compensar os impactos das interrupções comerciais.
Algumas empresas e grupos comerciais pedem à administração Trump que restrinja as importações de óleo de cozinha usado da China e aumente o uso do produto produzido nos EUA em biocombustíveis. Grupos agrícolas também fazem lobby para expandir o uso de etanol de milho em combustíveis para aviação.
Dow Jones Newswires