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Medida para baratear alimentos é inócua e mostra que governo não entende do assunto

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A derrubada do imposto de importação para alimentos anunciada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva nesta quinta-feira (6), será inócua, disse o Presidente da Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho), Paulo Bertolini.
“É uma sinalização de que o governo não sabe o que faz, não sabe dos efeitos do que está fazendo e sinaliza uma intervenção no mercado”, afirma o Presidente da Abramilho.
O grão é um dos gêneros alimentícios que estará livre da taxa, assim como a carne, o café, o açúcar, os óleos de girassol e palma, além do azeite e da sardinha. A medida, segundo o governo, visa à redução da inflação, cujo alta é puxada pelo preço dos alimentos.
Segundo Paulo Bertolini, não há fornecedores vendendo milho a um preço competitivo em relação ao do produto brasileiro. Porém, o preço do cereal negociado na Bolsa de Chicago está em US$ 10,61 (R$ 60,99) por saca (sem contar gastos com transporte e estocagem), contra um preço de R$ 86,68 registrado no pregão da B3 para a mesma quantia.
O País é o terceiro maior produtor (uma safra por volta de 120 milhões de toneladas), atrás de Estados Unidos, que também exporta, e China, que ainda precisa importar para suprir a demanda interna.
O Brasil é o atual segundo maior exportador, seguido pela Argentina. O país vizinho, porém, teve a produção afetada por uma seca em meados do ano passado, assim como o Rio Grande do Sul.
O principal exportador para o Brasil é o Paraguai, responsável pelo abastecimento de 1.6 milhão de tonelada. Para os membros do MERCOSUL, como é o caso do país fronteiriço, a alíquota de importação já é zero.
Para ele, o anúncio de Lula dá a entender que o preço do milho é um causador de inflação. No entanto, é comum que o preço do grão suba no período de entressafra, que ocorre para os produtores do Centro-Oeste durante os primeiros meses do ano.
Nesse contexto, os estoques de milho estavam no fim de janeiro no menor patamar da série histórica, segundo dados do CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da USP. Essa situação é um reflexo da falta de estrutura de armazenagem e da concorrência por espaço com a soja, que tem preferência por ter maior valor de venda, disse Paulo Bertolini.
“Existe um estoque mundial de milho também historicamente muito baixo”, acrescentou. Por isso, os preços do grão estariam em alta no mundo inteiro. No caso das commodities, os preços são negociados em larga escala de acordo com as oferta e demanda globais.
“O produtor rural não pode ser culpado pela inflação”, finaliza.
Para o Diretor de Relações Institucionais da ABICS (Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel), Aguinaldo Lima, o cenário se repete no caso do café. “Não vejo nessa medida nenhuma solução para diminuir os valores, para reduzir os valores no mercado interno, até porque o preço de café não é um problema do Brasil, é um problema do mundo.”
O governo ouviu a indústria alimentícia antes de anunciar a medida. Entre as entidades que participaram de reunião nesta quinta estiveram a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) e ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados).

Folha de SP

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