Empresas do setor de soja (71) e as de criação de bovinos para corte (51) lideraram as recuperações judiciais deferidas no agro nacional no segundo trimestre deste ano, segundo o Monitor RGF da Recuperação Judicial no Brasil, desenvolvido pela consultoria RGF&Associados. O quadro reflete a queda dos preços das commodities, a quebra de safra em algumas regiões e recuo na arroba do boi.
O número de empresas do agro em recuperação judicial aumentou 8,48% no País no 2º trimestre deste ano em comparação ao mesmo período de 2023, para 243, segundo o Monitor RGF da Recuperação Judicial. A plataforma considera apenas informações de empresas que tiveram os pedidos de recuperação judicial aceitos pela Justiça. Os setores são separados com base na atividade principal declarada pela companhia na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE).
Rodrigo Gallegos, sócio da RGF, especialista em reestruturação, espera que novas recuperações judiciais sejam deferidas este ano. “As empresas, na maior parte dos casos, trabalham na consequência e não na causa dos problemas financeiros. Às vezes, a empresa não olha para dentro dela para ver se não tem outra saída além da recuperação judicial, e isso acontece em todos os setores”, disse.
No agronegócio, em especial, Gallegos estima que ainda é grande a quantidade de grupos nos quais a gestão não é totalmente profissionalizada.
“São grupos familiares, em um setor de capital intenso, que precisa de muito dinheiro para rodar e é afetado por questões externas. Quando a gestão não é profissionalizada, eles não conhecem maneiras de se proteger dessas variações, como a cambial e o preço das commodities”, disse.
Em uma análise por Estado, o Monitor RGF mostra que São Paulo fechou o 2º trimestre na liderança com 47 empresas em recuperação judicial, puxadas pelo segmento de cana-de-açúcar (26). Em relação ao mesmo período do ano passado, houve uma queda, uma vez que no período de abril a junho de 2023 eram 59 grupos.
“Um fator importante a se destacar nesse setor é que muitas empresas deixam a recuperação judicial e têm retornado à operação, não estão entrando em falência”, ressaltou a consultora RGF especialista em reestruturação, Roberta Gonzaga.
“A gente não consegue saber a situação financeira da empresa, mas o fato de não entrar em falência, consideramos um ponto positivo”, acrescentou.
Em Mato Grosso, houve uma ligeira queda no número de empresas em recuperação judicial no 2º trimestre, passando de 43 em 2023 para 42 no mesmo período de 2024.
Por outro lado, a situação piorou em Goiás, onde a quantidade de grupos do agro em recuperação judicial aumentou de 30 para 40 no 2º trimestre, comparado a um ano antes, um aumento de 33%.
Por
Nayara FigueiredoGlobo Rural