A União Europeia está a ponto de firmar um acordo de abertura comercial com o Mercosul, de acordo com as declarações do conselheiro de assuntos comerciais da delegação da União Europeia no Brasil, Damian Vicente Lluna. Durante o Summit Agro Estadão, ele mencionou estar conduzindo reuniões em Brasília para impulsionar o progresso do acordo.
O conselheiro ressaltou que a regulamentação europeia que proíbe a importação de commodities provenientes de áreas recentemente desmatadas não compromete a intenção do bloco de “promover e intensificar as relações comerciais” entre os dois grupos. Essa regulamentação é um procedimento interno de consumo que está em linha com os compromissos estabelecidos no Pacto Verde Europeu e veta a importação de produtos como cacau, café, soja, carne, óleo de palma e madeira provenientes de áreas desmatadas. “Os esforços conjuntos do Brasil e da União Europeia para uma agricultura sustentável representam um investimento no futuro, visto que as demandas de todos os consumidores europeus são parte de uma tendência global”, ele afirmou.
Lluna apresentou o programa europeu “Farm to Fork” (“da fazenda ao garfo”, em tradução livre), que é o principal objetivo estratégico da União Europeia para a implementação do Acordo de Paris. O “Farm to Fork” é um plano abrangente que, segundo Lluna, reflete a prioridade de lidar de maneira séria com as mudanças climáticas e de alcançar a descarbonização completa da economia europeia até 2050. “Nosso propósito é cumprir os compromissos do Acordo de Paris e devemos levar isso muito a sério”, enfatizou.
O programa é direcionado a toda a sociedade europeia e abrange indústria, transporte, agricultura e hábitos alimentares, visando garantir a sustentabilidade econômica, social e ambiental, além da preservação da biodiversidade.
Além de reduzir o impacto ambiental e climático dos sistemas alimentares, o programa também almeja uma transição global que possa incentivar outros países a mudar, encorajando os produtores a buscar soluções inovadoras para estabelecer sistemas mais robustos e resilientes.
Entre os principais objetivos estratégicos, ele ressalta a redução de 50% no uso de pesticidas químicos e na perda de nutrientes do solo, bem como o aumento da fertilidade do solo. Além disso, o “Farm to Fork” prevê um aumento de 25% na área de produção orgânica, que atualmente corresponde a 13,8 milhões de hectares.
Todas essas metas devem ser alcançadas com a colaboração não apenas dos europeus, de acordo com o conselheiro europeu. “Não podemos atingir essas metas se seguirmos isolados”, concluiu.
Fonte Broadcast Agro