A primeira-dama Janja usou as redes sociais nesta segunda-feira, 29, para anunciar a retomada das relações entre o Brasil e a ditadura venezuelana. Ela comemorou a visita do ditador Nicolás Maduro e da mulher dele, Cilia Flores. “O encontro dos presidentes marca a retomada da relação entre os dois países”, escreveu.
Janja recepcionou o ditador mais cedo, ao lado de Lula, no Palácio do Planalto. Ela posou para foto ao lado deles. A imagem foi compartilhada por ela nas redes sociais.
Mais cedo, a primeira-dama usou o Twitter para queixar-se da imprensa. Janja ironizou reportagens publicadas durante o fim de semana que a acusam de monopolizar a agenda de Lula. Na publicação ela afirmou: “Depois do final de semana regado a puro suco de misoginia, que a semana comece com muita energia boa pra todo mundo.”
Governança de Janja incomoda até o PT e aliados
O gosto por holofotes e uma pessoa com perfil controlador são algumas das características da primeira-dama, Janja. A descrição, inclusive consta no livro Janja – A Militante que se Tornou Primeira-Dama, de Ciça Guedes e Murilo Fiuza de Melo.
Só que o ativismo dentro do governo não tem passado despercebido, nem mesmo de aliados de Luiz Inácio Lula da Silva. As reclamações quanto ao comportamento da primeira-dama são constantes.
Na semana em que o governo acumulou derrotas na Câmara dos Deputados, Lula reuniu ministros e líderes partidários e ouviu deles que precisa se envolver pessoalmente na articulação política.
No entanto, uma das queixas mais comuns é quanto ao comportamento de Janja, conforme revelou Malu Gaspar, em O Globo, em 27 de maio. “Um dos entraves para que ele tenha um contato mais próximo com a classe política é o fato de que a primeira-dama bloqueia a agenda nos horários de almoço, porque é hora de descanso.”
Segundo a coluna de Lauro Jardim, em O Globo, um ministro reclamou da falta de espaço nas agendas de Lula, principalmente no horário do almoço. “Ela monopolizou essa refeição e a faz a sós com o presidente praticamente todos os dias em que ele está em Brasília.”
Um auxiliar reclamou: “Em outros tempos, esses horários mais livres iam para as conversas políticas”, queixou-se. “Mas agora a gente não consegue, porque ele está viajando muito e quando está em Brasília a Janja toma conta”, acrescentou ao jornal O Globo.
Janja também vetou a presença de parlamentares em viagens com o casal no avião presidencial. A primeira-dama também não aceitou a ideia de abrir o Palácio da Alvorada para caravanas de políticos — algo que fazia parte da rotina de Lula no primeiro e no segundo mandato.
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Assassinatos, prisões, torturas e estupros. Relatório descreve a perseguição política na Venezuela
Em 2022, uma nova pessoa, instituição ou empresa foi vítima de perseguição política a cada 16 horas na Venezuela. É o que demonstra o Centro de Justiça e Paz (Cepaz) em relatório divulgado na última quarta-feira, 24.
Segundo o levantamento, 523 casos de perseguição e criminalização ocorreram no país sul-americano de 1º de janeiro a 31 de dezembro do ano passado. De acordo com a equipe responsável pelo relatório, os atos atendem a uma única demanda: manter um ditador no poder.
“Os dados colhidos no relatório de encerramento do ano passado demonstram, mais uma vez, que esses atos fazem parte de uma política de Estado aplicadas para garantir a permanência no poder de Nicolás Maduro”, informa o Cepaz em nota oficial.
Ainda de acordo com o Cepaz, as perseguições a opositores de Maduro se dão das formas mais perversas possíveis. “Parece haver motivos razoáveis para supor que a política de perseguição e criminalização tenha sido cometida em conjunto com outros crimes contra a humanidade, como assassinatos, prisões, torturas e estupros.”
Ditador da Venezuela no Brasil
Sucessor de Hugo Chávez, Maduro está no poder venezuelano há dez anos. Organismos internacionais, contudo, contestam a liderança dele. Mais de 50 membros da Organização das Nações Unidas, por exemplo, não reconhecem Maduro como um legítimo chefe de Estado.
Além disso, os Estados Unidos divulgam que quem ajudar com informações para a captura de Maduro receberá recompensa de US$ 15 milhões. Segundo as autoridades norte-americanas, o ditador venezuelano é responsável, entre outros crimes, por corrupção e tráfico de drogas.
Apesar disso, Maduro desembarcou no Brasil nesta segunda-feira, 29. A saber, militares o receberam com direito a continência no aeroporto de Brasília. Por fim, Maduro cumprimentou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e subiu a rampa do Palácio do Planalto.
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