Areópago, Atenas, Grécia antiga (Conselho dos nobres, tribunal excelso ou assembléia que prima pela retidão de princípios).
Quando o apóstolo Paulo discursou no Areópago, em Atenas, em meio a epicuristas e estóicos, quase ninguém se interessou pelo que ele dizia.
O apóstolo dos gentios falava de Jesus Cristo. Mesmo não se interessando pelo assunto, os gregos não o impediram que falasse livremente, e deixaram que ele saísse sem hostilidades ou perseguições.
Há aproximadamente 2.000 anos, os gregos já mostravam exemplos de liberdade de expressão.
Curiosamente, foram os gregos os criadores da democracia.
As lições deste episódio narrado em Atos do Apóstolos, 17, mostra que, há aproximadamente 2.000 anos, os gregos e todas a etnias que habitavam Atenas na época, respeitavam a liberdade de expressão, dando exemplo do que é realmente uma atitude democrática.
O areópago era frequentado por figuras proeminentes do pensamento filosófico da época, mestres respeitados por suas capacidades de raciocínio e que, além de respeitar opiniões contrarias, contavam com o respeito da população por se comportarem demonstrando retidão de princípios.
Após o discurso, os nobres do areópago disseram ao apóstolo, “acerca disso, te ouviremos outra vez”.
Uma resposta digna de quem tem segurança em seus princípios, mas não discordam de quem pensa diferente.
O apóstolo nao teve o sucesso que esperava, mas saiu sem ser recriminado ou perseguido, e continuou cumprindo seu ministério.
O resultado do discurso do apóstolo, todos conhecemos, para o nosso bem, graças a Deus.
O ponto central deste episódio mostra que os nobres, pelo menos no mundo do antigo, respeitavam a divergência de opiniões, sem perseguições ou condenações, pois eram de fato nobres, na essência do termo, e não por imposição política.
E mostra também, que quando chega o momento de um movimento prosperar, ganhar atenção no campo das idéias, não adiantam perseguições e arbitrariedades, pois não há meios de impedí-la, nem mesmo com a força bruta — aliás, a força bruta e o terror dão mostras de incapacidade intelectual, e medo do debate aberto como acontece atualmente no “areópago” da democracia.
No nosso Brasil das grandes veredas, todos os dias há manchetes dizendo que “se formou maioria” para prender este ou aquele, regular isso e mais aquilo, combater as “fake news”, mas tudo de armas em punho e com a ajuda das algemas e da força bruta, na defesa da democracia, é claro.
Uma democracia híbrida, parida na escuridão dos que não tem idéias, e não aceitam opiniões diferentes.
O Areópago aceitou a opinião diferente do apóstolo pacificamente e com nobreza de espírito.
Por tantos episódios recentes, se o apóstolo vivesse no Brasil nos dias atuais, certamente estaria nas masmorras úmidas, condenado por atentado contra a democracia.
A estranha democracia que habita as mentes dos auto-intitulados nobres, que de nobreza não tem nada, nem mesmo aparência.
Da para imaginar a atual democracia brasileira nos idos da Atenas antiga?
Pois é, este tipo de democracia teria feito um estrago enorme na humanidade, e estaríamos hoje na completa escuridão, e sem a fé que remove montanhas.
Agora vamos imaginar o estrago que esta democracia atual causará no futuro na nossa nação.
Imaginaram?
Pois pode ser ainda pior se continuarem apoiando a nobreza da escuridão que persegue os diferentes.
Diferentes que eles transformam em criminosos, sem o menor constrangimento.
Mas sabemos que a escuridão nunca resistiu à uma fagulha de luminosidade.
As mentes da escuridão sempre vão perseguir sem motivos, porém, como disse Victor Hugo, “nada segura uma idéia que chegou na hora certa”.
Nada segura, nem prisões e nem mesmo mortes.
João Batista Olivi