WASHINGTON (Reuters) – O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta quarta-feira que está confiante de que ele e os parlamentares republicanos e democratas chegarão a um acordo orçamentário para que o governo não dê calote em sua dívida.
Biden, falando antes de viajar para o Japão para uma reunião do G7, disse que os negociadores do acordo se reunirão nesta quarta-feira e que manterá contato próximo com eles durante sua viagem.
Biden e McCarthy avançam em acordo sobre teto da dívida dos EUA
WASHINGTON (Reuters) – O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o principal republicano do Congresso dos Estados Unidos, Kevin McCarthy, enfatizaram nesta quarta-feira sua determinação para chegar a um acordo em breve para aumentar o teto da dívida de 31,4 trilhões de dólares do governo federal e evitar um calote economicamente catastrófico.
Após um impasse de meses, o presidente democrata e o presidente republicano da Câmara dos Deputados concordaram na terça-feira em negociar diretamente um acordo. Um pacto precisa ser alcançado e aprovado pelas duas casas do Congresso antes que o governo federal fique sem dinheiro para pagar suas contas, já em 1º de junho.
“Vamos nos unir porque não há alternativa”, disse Biden a jornalistas na Casa Branca, dizendo que interromperia sua viagem à Ásia para retornar a Washington no domingo, enquanto as discussões continuariam em Washington com as equipes encarregadas.
“Para ser claro, essa negociação é sobre os contornos do orçamento, não sobre se vamos ou não (pagar nossas dívidas)”, disse Biden.
“Todos os líderes (do Congresso) concordaram: não vamos deixar de pagar. Todos os líderes disseram isso.”
Os republicanos, que controlam a Câmara por uma maioria de 222 a 213, há meses vêm insistindo que os democratas concordem com cortes de gastos em troca de um acordo para aumentar o limite de dívida auto-imposto pelo Congresso. O limite precisa ser elevado regularmente porque o governo gasta mais do que arrecada em impostos.
Questionado por repórteres no Capitólio se é possível chegar a um acordo sobre o teto da dívida quando Biden retornar da Ásia no domingo, McCarthy respondeu: “É factível”.
“Estamos em um cronograma tão curto”, disse McCarthy. “Isso torna ainda mais difícil. Mas há uma coisa, você sabe, para mim, eu nunca desisto. Eu tenho a coragem, a perseverança e vamos conseguir.”
A conversa entre os dois simplifica o formato anterior de cinco vias da semana passada, que incluía os outros três principais líderes do Congresso.
Biden partiu na quarta-feira para a cúpula de líderes mundiais do G7, que ocorre de sexta a domingo em Hiroshima, no Japão.
Na terça-feira, Biden e McCarthy encontraram-se por cerca de uma hora na Casa Branca com o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, e o líder democrata na Câmara, Hakeem Jeffries.
Biden planeja uma coletiva de imprensa em Hiroshima no domingo antes de retornar a Washington, disse uma autoridade da Casa Branca.
Os mercados financeiros pareciam animados com as discussões, com as ações dos EUA em alta nesta quarta-feira, em parte devido ao otimismo cauteloso entre os investidores à medida que as negociações seguiam.
O Tesouro dos EUA disse que poderia começar a ficar sem fundos já em 1º de junho para pagar as contas do governo — desenrolar que segundo economistas desencadearia uma recessão.
Taxas futuras de juros do Brasil sobem por 2ª sessão seguida em sintonia com Treasuries nos EUA
SÃO PAULO (Reuters) – As taxas dos contratos futuros de juros subiram pela segunda sessão consecutiva nesta quarta-feira no Brasil, em sintonia com o exterior, onde os rendimentos dos Treasuries sustentavam ganhos em meio à expectativa em torno das negociações para ampliação do teto da dívida dos EUA.
Pela manhã, a Casa Branca informou que o presidente dos EUA, Joe Biden, continuará a conversar com os líderes do Congresso sobre o limite da dívida do país no fim desta semana e se reunirá com eles novamente ao voltar de uma viagem para participar da cúpula do G7, no Japão.
Perto do meio-dia no Brasil, foi o próprio Biden que afirmou, antes de sua viagem, que está confiante em um acordo com os parlamentares republicanos e democratas que evite o default a partir de 1º de junho.
Os comentários de Biden trouxeram certo otimismo aos negócios, abrindo espaço para uma alta firme das bolsas de Nova York e, ao mesmo tempo, para o avanço das taxas dos Treasuries, com investidores deixando em segundo plano os títulos norte-americanos.
A alta nos rendimentos dos Treasuries também se refletiu no Brasil.
“O movimento nos EUA influencia bastante os juros futuros no Brasil. Quando as taxas sobem por lá, é comum haver uma correção em alta também por aqui”, comentou Rodrigo Caetano, analista da Toro Investimentos.
O profissional também chamou a atenção para o fato de que, nas últimas semanas, a tendência mais geral para as taxas futuras foi de queda, em meio a um cenário mais positivo no exterior e no Brasil.
“Ontem (terça-feira) e hoje (quarta-feira), vimos um movimento (de alta) diferente nos juros, em relação às últimas semanas. Mas nós enxergamos espaço para os juros cederem mais. No longo prazo, o alívio vai vir se tivermos um arcabouço fiscal plausível de ser executado”, avaliou Caetano, em referência à proposta de nova regra fiscal atualmente em tramitação no Congresso.
Durante a sessão, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participou de audiência conjunta de comissões na Câmara dos Deputados. Ao tratar do arcabouço, disse esperar pela aprovação da matéria com mais de 300 votos na Casa, após a votação da urgência da tramitação, prevista para esta quarta-feira.
“Pelo que eu li nos jornais, todo mundo diz que o texto (do relatório do arcabouço) foi aperfeiçoado e que atendeu a outros setores da sociedade que foram ouvidos. E, portanto, eu estou confiante de que vai aprovar a urgência hoje (quarta)”, afirmou Haddad.
Pela manhã, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, comentou em vídeo, durante a Conferência Anual do BC, que as expectativas de inflação para 2024 e 2025 mostram desancoragem, com questionamentos sobre possível mudança nas metas de inflação e incertezas fiscais. Ele pontuou ainda que os núcleos de inflação estão mais resilientes.
“Embora tenhamos progredido até agora, ainda enfrentamos desafios para consolidar a desinflação no Brasil”, afirmou Campos Neto.
Na prática, a mensagem do presidente do BC continuou sendo de cautela em relação ao início do ciclo de cortes da taxa básica Selic, atualmente em 13,75% ao ano.
Neste cenário, no fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 13,325%, ante 13,304% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,765%, ante 11,703% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 11,27%, ante 11,194% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,315%, ante 11,24%.
No exterior, os rendimentos dos Treasuries seguiam em alta no fim da tarde.
Às 16:37 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 2,80 pontos-base, a 3,5773%.
No mesmo horário, o rendimento do Treasury de cinco anos subia 6,40 pontos-base, a 3,5865%.