Na era atual da globalização, as economias globais são intimamente interligadas e solidárias umas com as outras, e nenhum país pode simplesmente observar a crise
Nos anos recentes, ocorreram diversos casos de “efeito borboleta” na economia mundial. Uma simples ideia de Jack Dorsey desencadeou transformações significativas no setor das redes sociais e contribuiu para a ascensão de um septuagenário empresário até a presidência dos Estados Unidos.
Enquanto isso, as políticas comerciais protecionistas adotadas por este empresário beneficiaram o Brasil, país que preza pela abertura e cooperação, tornando-o o maior exportador de soja no mundo.
Por outro lado, o conflito dos houthis do Iêmen contra os Estados Unidos e o Reino Unido no Mar Vermelho resultou em um aumento de um terço nos custos de transporte marítimo ao redor do mundo, impactando diretamente a segurança e estabilidade da cadeia de suprimentos internacional.
Na era atual da globalização econômica, as economias globais são intimamente interligadas e solidárias umas com as outras, e nenhum país pode simplesmente observar a crise em outro lugar. Alguns países não param de se dissociar e romper a cadeia, construindo barreiras. Isso é totalmente contrário à tendência global, de forma que tais países podem acabar se prejudicando por conta disso.
A China e o Brasil, como as maiores economias dos hemisférios leste e oeste e importantes mercados emergentes, têm a responsabilidade de se posicionar, lado a lado, contra o protecionismo comercial e em favor do desenvolvimento da globalização econômica
Então que tipo de globalização deve ser promovida? Essa é a pergunta que devemos responder juntos. A meu ver, a resposta pode ser resumida em dois pontos: abertura e inclusão, e uma situação em que todos saiam ganhando.
A tradição compartilhada pelas culturas chinesa e brasileira destaca a importância da abertura e inclusão. Um poema antigo da China diz: “O que mantém a lagoa tão limpa? É a água que flui constantemente para ela.” Isso significa que é essencial absorver constantemente novidades para manter a vitalidade, caso contrário, perderemos o dinamismo. Esse princípio é válido não apenas para a água, mas também para a economia.
Um país só prospera se estiver aberto e receptivo à integração de novos recursos, tecnologias e ideias, buscando novas parcerias. A política de reforma e abertura foi fundamental para a China alcançar um desenvolvimento equivalente a 200 anos do Ocidente em apenas 40 anos, tornando-se a segunda maior economia mundial.
De acordo com o famoso ditado brasileiro: “Quem não arrisca, não petisca”. Logo, participar da economia global não seria uma tarefa corajosa? Gerações de brasileiros têm se envolvido ativamente na cooperação e competição internacionais, sempre em busca de novas oportunidades e contribuindo para a próspera economia do país.
A cooperação mutuamente benéfica também é uma tradição notável da cooperação pragmática entre a China e o Brasil. Ambos os países seguiram o princípio do respeito mútuo e benefício recíproco para expandir as oportunidades de negócios. O estado de São Paulo inaugurou seu primeiro escritório fora do país em Xangai visando maior cooperação econômica e comercial.
A Vale e o China Baowu Steel Group estão trabalhando juntos para avançar na tecnologia de aço de baixo carbono, o que contribuirá para o alcance das metas de redução de emissão de carbono de ambos os países. Para atender à crescente demanda de transporte de celulose da empresa brasileira Suzano, a COSCO Shipping construiu recentemente seis transportadores especiais para a celulose da Suzano.
Entre eles, destaca-se o Green Santos, com capacidade de até 77 mil toneladas, sendo o maior navio desse tipo atualmente em operação no mundo. Desde a aquisição do Terminal de Contêineres de Paranaguá pelo China Merchants Group em 2018, houve uma ampliação na capacidade do porto, tornando-o o principal terminal de exportação de carne de aves do Brasil.
Há poucas semanas, o navio COSCO Shipping Brazil fez a sua primeira viagem e atracou no porto de Paranaguá. Este navio é o maior e com mais contêineres refrigerados na rota, e será responsável por transportar mais carne bovina brasileira de alta qualidade para a China e outros países asiáticos. O vice-governador do Paraná, Darci Piana, destacou que esse acontecimento é extremamente positivo para a população local, entre muitos outros casos semelhantes. A lista é infinita.
A abertura inclusiva é a premissa e a base da situação ganha-ganha, e a situação ganha-ganha é o objetivo e o impulso interno da abertura inclusiva. Ambas são fundamentais para o progresso constante da cooperação econômica e comercial entre a China e o Brasil, unindo-os firmemente os dois países geograficamente distantes e fortalecendo sua parceria estratégica global com futuro compartilhado.
Acredita-se que, com o desenvolvimento contínuo das economias chinesa e brasileira e o aprofundamento de sua cooperação pragmática, mais parceiros com ideias semelhantes serão atraídos a se juntar a nós no futuro. Assim, poderemos aumentar a resiliência e vitalidade de nossas economias no contexto da globalização econômica inclusiva, salvaguardar a estabilidade do mercado internacional e dar as mãos para construir um mundo aberto, inclusivo e próspero em conjunto.
Folha de São Paulo