A meta do arcabouço fiscal proposto pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – já aprovado pela Câmara e agora tramitando no Senado – é fechar as contas públicas do ano que vem com resultado primário neutro. Ou seja, com receitas e despesas iguais ou então dentro de uma banda de tolerância (para mais ou para menos) equivalente a 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB).
Analistas de mercado, porém, veem esse objetivo com ceticismo. A mediana das projeções coletadas pelo Banco Central aponta para um déficit primário (despesas maiores que receitas) equivalente a 0,7% do PIB em 2024. Mas instituições como Bradesco, XP Investimentos e a Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado, preveem rombo ainda maior, de 1% do PIB.
“Para fechar a conta e chegar a um resultado primário neutro em 2024, em linha com a meta definida na LDO, o governo precisa de R$ 110 bilhões a R$ 150 bilhões adicionais em receitas líquidas de transferências. As medidas anunciadas pelo governo até o momento são insuficientes para se chegar a tal valor”, comenta a equipe da XP.
Também há dúvidas para os anos seguintes. Enquanto o governo promete superávit primário de 0,5% do PIB em 2025 e 1% em 2026, o ponto médio das expectativas de economistas apontam para 0,34% e 0,2% do PIB, respectivamente. Se confirmadas as projeções, isso significa contas no vermelho durante todo o governo Lula.
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O programa estratégico de Lula é atender suas próprias vontades (por JR GUZZO)
O presidente Lula quer um novo avião; o que ele usa agora, com cama e quarto separado para o primeiro-casal, mais sala particular, mais outras amenidades, aparentemente já não serve para atender as suas exigências de conforto – ele quer um avião maior e melhor. Essa coisa de avião tornou-se um hábito de Lula. O Brasil já deve a ele o AeroLula-1, comprado na sua primeira passagem pela Presidência; passará a dever o AeroLula-2 a partir de agora. É um tipo de ideia fixa.
O novo jato particular de Lula não vai ficar no chão, pela amostra que se tem até agora do seu governo. Em apenas cinco meses, já fez dez viagens ao exterior – isso mesmo, dez – coisa nunca vista antes na história deste país. Mais: é quase tudo viagem para longe, para lugares como China, Japão, Abu Dhabi, com 20 horas de voo e daí para cima.
É um programa de diplomacia turística que ele mesmo, e a sua corte, julgam importantíssimo para os destinos do Brasil e até do mundo. (Uma das fantasias-chefe do presidente, neste terceiro mandato, é desfilar no exterior como “líder global”, fazendo cara de estadista e com despesas pagas pelo Tesouro Nacional. Um avião de paxá faz parte deste show.)
O novo avião tem tudo a ver com o atual governo Lula; é mais um retrato preciso de um presidente cujo grande programa estratégico é atender as suas próprias vontades. Lula já indicou o seu advogado pessoal, Cristiano Zanin, para vaga aberta no Supremo. Exigiu, e levou, a cassação do mandato do deputado Deltan Dallagnol como vingança pelo papel que ele desempenhou na Lava Jato. Colocou Dilma Rousseff, ninguém menos que Dilma, na presidência do banco dos Brics.
Ficou num hotel com diárias próximas aos 40 mil reais na sua viagem a Londres. Sua mulher comprou um sofá de 65 mil para a residência presidencial – não estava satisfeita com a decoração que encontrou. Montou um governo com 37 ministérios diferentes, incluindo-se um “Ministério do Índio” e um “Ministério da Reforma Agrária”. Diz, aqui e no exterior, as coisas mais esquisitas que um presidente poderia dizer – e por aí se vai. O novo AeroLula é um item a mais na lista.
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