CÂMBIO: MERCADO PODE TER FÔLEGO CURTO COM DÓLAR LATERAL LÁ FORA E RISCO FISCAL NO RADAR
São Paulo, 16/10/2024 – O comportamento mais estável do dólar no exterior tende a limitar as oscilações da moeda frente ao real, em linha com o movimento observado em relação a outras divisas principais, emergentes e vinculadas a commodities. Com uma agenda econômica pouco movimentada, os investidores permanecem atentos ao cenário fiscal doméstico e aos desdobramentos do conflito no Oriente Médio.
Há uma percepção de que o governo entregará menos do que o esperado em relação ao controle dos gastos. Segundo fontes, a equipe econômica trabalha com a expectativa de uma revisão nas despesas, projetando cortes entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões para 2025. Ontem, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, comentou que o governo deve apresentar uma proposta menor após o segundo turno das eleições e debater o assunto com o Congresso ainda este ano. “Vamos cumprir as metas fiscais de 2024, 2025 e 2026”, afirmou Tebet.
Especialistas consultados pelo Broadcast avaliam que, embora as medidas propostas tenham potencial, o grande desafio será controlar o crescimento dos gastos obrigatórios, que têm restringido o espaço orçamentário e pressionado o novo arcabouço fiscal.
No mercado, analistas criticam a falta de clareza e urgência em relação a um plano abrangente para controlar a dívida pública, apontando que essa indefinição atrasa a formação de posições compradas em ativos brasileiros.
No cenário externo, o preço do petróleo registra leve queda após perdas significativas nas últimas três sessões, em meio à expectativa de que uma possível resposta de Israel ao Irã possa poupar instalações petrolíferas, aliviando preocupações com a oferta. Também é aguardado para esta quinta-feira um novo anúncio do governo chinês sobre estímulos ao setor imobiliário.
Os juros dos Treasuries recuam, enquanto o dólar se mantém estável frente às principais moedas, em meio à expectativa de que o Federal Reserve (Fed) adote uma abordagem mais cautelosa em relação à redução de juros. O presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, sinalizou que ainda há espaço para possíveis cortes.
Com as eleições presidenciais nos Estados Unidos se aproximando, surgem preocupações sobre as políticas fiscais expansionistas dos candidatos, que podem elevar a inflação e dificultar cortes de juros, mantendo o dólar valorizado por mais tempo, segundo analistas.
Enquanto isso, o euro também oscila próximo à estabilidade, à espera de um pronunciamento da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, antes da reunião de política monetária do BCE, que deverá promover um novo corte de juros, o terceiro neste ano.
Na terça-feira, o dólar à vista registrou alta de 1,33%, encerrando o dia a R$ 5,6570, refletindo o aumento das preocupações fiscais, a queda acentuada do petróleo e a incerteza em torno das eleições nos EUA. O contrato futuro do dólar para novembro fechou a R$ 5,660 (+1,13%).
Autoria: Agência Estado