(INVESTING) -As reações positivas do mercado financeiro à aprovação da reforma tributária na Câmara, somadas à divulgação de dados mais fracos do mercado de trabalho dos Estados Unidos, fizeram o dólar à vista recuar mais de 1% ante o real nesta sexta-feira, novamente para abaixo dos 4,90.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8650 reais na venda, com baixa de 1,32%. Este foi o maior recuo percentual em um único dia desde 27 de abril, quando havia caído 1,56%. Na semana, o dólar ainda acumulou alta de 1,58% em função dos avanços em sessões anteriores.
Na B3 (BVMF:B3SA3), às 17:15 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,12%, a 4,8865 reais.
Na abertura, certa pressão baixista sobre o dólar era exercida pela aprovação na Câmara, em dois turnos, do texto-base da reforma tributária. Por outro lado, a expectativa em torno da publicação do payroll — o relatório de empregos norte-americano — dava sustentação às cotações.
Tanto que a moeda norte-americana registrou a máxima da sessão às 9h25, pouco antes do relatório de emprego nos EUA, cotada a 4,9340 reais (+0,08%).
A publicação do payroll, que trouxe dados mais fracos que o esperado, abriu espaço para a queda do dólar em todo o mundo, em meio à leitura de que o Federal Reserve pode não ser tão rígido em sua política monetária para segurar a inflação.
O Departamento do Trabalho dos EUA informou que o país abriu 209.000 vagas de emprego em junho, abaixo dos 225 mil empregos projetados por economistas ouvidos pela Reuters. Além disso, o número de maio foi revisado para baixo, de 339.000 para 306.000 vagas.
No Brasil, os dados norte-americanos se somaram à percepção positiva em relação à reforma tributária, o que colocou o dólar à vista em trajetória firme de queda ante o real.
Operador ouvido pela Reuters afirmou que os dois fatores — reforma tributária e payroll — levaram muitos investidores comprados no mercado futuro (posicionados na alta das cotações) a desmontar suas posições, o que intensificou a queda do dólar no mercado à vista.
Na mínima da sessão, registrada às 14h33, o dólar à vista foi cotado a 4,8480 reais (-1,67%).
No mercado, a avaliação era de que, apesar de não ser a ideal, a reforma tributária é positiva para o crescimento no longo prazo e fator de impulso para os ativos brasileiros.
“Se a reforma tributária tornar o ambiente de negócios mais favorável e atrativo para investidores estrangeiros, pode haver um aumento no fluxo de capital para o Brasil. Esse aumento na entrada de investimentos estrangeiros pode fortalecer a moeda local, possibilitando a queda do dólar”, avaliou Haryne Campos, especialista em câmbio na WIT Exchange.
No fim da tarde, a expectativa se voltou para a possibilidade de a Câmara também votar, ainda nesta sexta-feira, o projeto que altera o sistema de votos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Pouco antes do fechamento do dólar à vista, a Câmara aprovou o texto-base da matéria.
No fim da tarde, o dólar seguia em baixa também no exterior.
Às 17:15 (de Brasília), o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,80%, a 102,270.