SÃO PAULO, 2 Jun (Reuters) – O dólar à vista emplacou nesta sexta-feira a segunda sessão consecutiva de queda ante o real, novamente influenciado pelo exterior, onde o andamento do acordo sobre o teto da dívida nos EUA e a perspectiva de que o Federal Reserve não subirá juros em seu próximo encontro conduziram a busca por ativos de maior risco.
Neste cenário, os índices de ações tinham ganhos firmes no Brasil e no exterior, enquanto a moeda norte-americana era penalizada ante boa parte das divisas de países emergentes.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9549 reais na venda, com baixa de 1,04%. Na semana, a moeda norte-americana acumulou baixa de 0,61%.
Na B3, às 17:10 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,29%, a 4,9790 reais.
Na noite de quinta-feira, o Senado dos EUA aprovou a legislação bipartidária defendida pelo presidente Joe Biden, que suspende o teto da dívida de 31,4 trilhões de dólares do governo, evitando o que teria sido o primeiro calote da história do país.
O Senado votou por 63 a 36 para aprovar o projeto de lei que havia sido aprovado na quarta-feira pela Câmara dos Deputados. Agora, o texto segue para sanção de Biden.
A resolução do problema fiscal norte-americano deu suporte à busca por ativos de risco, penalizando o dólar nos mercados globais. Justou-se a isso a perspectiva de que o Federal Reserve, em sua próxima reunião de política monetária, tende a manter sua taxa de juros na faixa de 5,00% a 5,25% ao ano.
Na tarde desta sexta-feira, os títulos públicos dos EUA precificavam cerca de 71% de chance de manutenção dos juros e perto de 29% de probabilidade de elevação de 0,25 ponto percentual.
“O investidor está chegando ao fim de semana com um bom apetite a risco. Mais do que o acordo do teto, a expectativa de manutenção dos juros pelo Fed influenciou o câmbio”, comentou o diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo.
Durante a manhã, o Departamento do Trabalho dos EUA divulgou dados mistos sobre o mercado de trabalho, que também teve impactos nas negociações globais. A criação de empregos superou as expectativas em maio, mas houve uma moderação nos salários.
Uma das leituras foi de que esta moderação poderia facilitar a manutenção da taxa de juros pelo Fed em seu próximo encontro.
Por outro lado, o dólar ganhou força ante uma cesta de moedas no exterior justamente pelo motivo contrário: a criação de empregos maior que a esperada, o que eleva as preocupações com a inflação.
Ainda que o dólar tenha virado para o positivo ante uma cesta de moedas, a moeda norte-americana se manteve em baixa ante o real e divisas como o peso chileno, o dólar australiano e o peso mexicano.
Às 17:10 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,47%, a 104,030.
No Brasil, pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de julho.
Fonte: Reuters
Wall Street sobe com dados de empregos e calote evitado nos EUA
(Reuters) – Os índices de ações nos Estados Unidos fecharam em alta nesta sexta-feira, depois que um relatório do mercado de trabalho norte-americano mostrando um crescimento salarial moderado em maio indicou que o Federal Reserve pode pular um aumento de juros na sua próxima reunião em duas semanas, enquanto investidores comemoraram um acordo de Washington que evitou um calote catastrófico da dívida dos EUA.
O índice de tecnologia Nasdaq subiu para uma máxima intradiária de 13 meses e registrou sua sexta semana consecutiva em alta, marcando sua melhor sequência de ganhos desde janeiro de 2020.
O crescimento do emprego nos EUA acelerou em maio, mas a taxa de desemprego teve alta para uma máxima em sete meses de 3,7%, à medida que mais pessoas à procura de emprego indicaram uma piora nas condições do mercado de trabalho, disse o Departamento do Trabalho dos EUA.
Os dados trouxeram alívio para os investidores que esperam que o Fed pare de aumentar os custos de empréstimos em sua reunião de política monetária de 13 a 14 de junho. Seria a primeira parada no ciclo de alta dos juros desde que o Fed iniciou sua agressiva política anti-inflacionária mais de um ano atrás.
Os futuros de juros do Fed mostraram uma probabilidade de 71,3% de que o Fed manterá a taxa básica estável na próxima reunião de política monetária em duas semanas, abaixo dos 79,6% na quinta-feira, de acordo com a ferramenta FedWatch do CME Group.
O Senado dos EUA, que aprovou um projeto de lei na quinta-feira para elevar o teto da dívida de 31,4 trilhões de dólares do governo norte-americano, evitou o que teria sido o primeiro calote catastrófico do país.
O Dow Jones subiu 2,12%, para 33.762,76 pontos. O S&P 500 ganhou 1,45%, para 4.282,37 pontos. O Nasdaq avançou 1,07%, para 13.240,77 pontos.
Na semana, o S&P 500 subiu 1,82%, o Dow Jones avançou 2,02% e o Nasdaq ganhou 2,04%.
Ibovespa tem forte alta e garante mais um desempenho positivo na semana
SÃO PAULO (Reuters) – O Ibovespa fechou em alta nesta sexta-feira, superando os 113 mil pontos no melhor momento, o que não acontecia há quatro meses, em meio a um clima externo favorável a ativos de risco, com expectativas de que o Federal Reserve possa experimentar uma pausa no ciclo de aumentos de juros nos Estados Unidos.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,8%, a 112.558,15 pontos, chegando a 113.069,55 pontos na máxima — o índice não ultrapassava o patamar dos 113 mil pontos desde o começo de fevereiro. O volume financeiro somou 28,7 bilhões de reais.
Com a alta nesta sessão, o Ibovespa conquistou um ganho semanal de 1,49%, completando seis semanas sem acumular desempenho negativo — maior sequência desde a série de sete semanas em alta de 2 de novembro a 18 de dezembro de 2020.
Nos EUA, a criação de postos de trabalho em maio superou as expectativas de economistas, mas uma moderação nos salários fez crescer as apostas de manutenção dos juros pelo banco central norte-americano na reunião de 13 a 14 de junho. Seria a primeira decisão por manter os juros inalterados em mais de um ano.
Outro componente de alívio foi a aprovação pelo Senado norte-americano na quinta-feira do projeto de lei que eleva o teto da dívida de 31,4 trilhões de dólares do governo, evitando o que teria sido o primeiro calote da história, com desdobramentos globais catastróficos.
“O acordo para elevar o teto da dívida pública dos EUA elimina um dos principais riscos de curto prazo para os mercados, e a crise bancária parece ter entrado em uma fase menos turbulenta”, afirmou a equipe do Departamento de Economia do Bradesco liderada por Fernando Honorato.
Em relatório a clientes, eles pontuaram que, diminuídos os riscos de cauda, a atenção dos mercados deve retornar a temas como a persistência da inflação, a resiliência da economia norte-americana e o que isso significa para os próximos passos da política monetária.
“A julgar pela sinalização do Fed e a evolução do cenário, cortes de juros nos EUA ainda em 2023 parecem improváveis.”
O clima benigno nos pregões teve suporte ainda de expectativas de estímulos adicionais à economia na China. De acordo com reportagem da Bloomberg, Pequim está trabalhando em novas medidas para apoiar o mercado imobiliário.
No caso do Brasil, o comportamento dos mercados tem como pano de fundo principalmente sinais recentes de queda da inflação e avanço da nova regra fiscal no Congresso Nacional, que alimentaram expectativas de que o início dos cortes da Selic pode ser antecipado pelo Banco Central.
A posição técnica dos ativos, de acordo com profissionais do mercado, também corroborou o movimento comprador.
DESTAQUES
– COSAN ON fechou em alta de 7,9%, a 16,53 reais, melhor desempenho do Ibovespa, com analistas do BTG Pactual reforçando recomendação de “compra” para as ações, citando que a companhia está perto de um “ponto de inflexão”.
– VALE ON avançou 4,27%, a 67,94 reais, em meio a uma nova alta dos futuros do minério de ferro na China, com o setor de mineração e siderurgia como um todo terminando na coluna positiva.
– PETROBRAS PN valorizou-se 0,82%, a 27,18reais, favorecida pelo avanço dos preços do petróleo no exterior, com o barril de Brent fechando com acréscimo de 2,5%, a 76,13 dólares.
– ITAÚ UNIBANCO PN ganhou 1,46%, a 27,09 reais, enquanto BRADESCO PN avançou 1,75%, a 16,04 reais, beneficiando-se do maior apetite a ativos de risco.
– VIA ON desabou 10,36%, a 2,25 reais, após o JPMorgan rebaixar a recomendação dos papéis para “underweight”. Os analistas do banco também reduziram a recomendação de Magazine Luiza. MAGAZINE LUIZA ON perdeu 4,68%.
– TOTVS ON caiu 4,19%, a 28,83 reais, entre as poucas quedas do Ibovespa no dia. Analistas do UBS BB cortaram a recomendação da ações para “neutra” e reduziram o preço-alvo de 36 reais para 34 reais.
– CVC BRASIL ON encerrou em baixa de 0,83%, a 3,6 reais, revertendo os ganhos da primeira etapa do dia. Antes da abertura, disse que estuda oferta de ações e conversa com potenciais investidores.
– MÉLIUZ ON avançou 2,67%, a 9,24 reais, após anunciar nesta sexta-feira que assinou na véspera acordo definitivo para venda da fintech Bankly para o banco BV por 210 milhões de reais.