EDITORIAL – Incertezas e pânico

Não há nada pior que viver na incerteza, na dúvida, todos ficam receosos de assumir quaisquer compromissos, ninguém se arrisca.
Em 2023, o IDP, investimento direto no país, teve queda de 17% em relação a 2022.
E agora em fevereiro de 2024, a queda foi de 30% em relação ao mesmo mês de 2023, que foi um ano ruim.
Decepcionante, frustrante.
Uma queda acentuada, se considerarmos que o Brasil necessita urgentemente de investimentos, para alcançar níveis de desenvolvimento econômico e social.
O Brasil tem uma gigantesca fronteira de investimentos, que vão desde turismo, mineração, infraestrutura viária, ferroviária, hidroviária, portuária e aeroportuária, mercado interno ainda a ser explorado, além de contar com potencial agrícola exponencial.
Com tudo isso, nossa economia deveria ser pujante, mas não é, está sempre no mesmo lugar, discutindo aumento de arrecadação, e gastando com irresponsabilidade.
Por que o Brasil não consegue sair do lugar com tantas oportunidades de investimentos?
A resposta parece muito simples e óbvia.
O Brasil vive momentos de incertezas políticas e econômicas, e a incerteza gera pânico, e o pânico provoca a fuga.
As incertezas políticas sobre os rumos que o Brasil parece estar indo, não é um campo fértil para investimentos, e aliado a uma colossal insegurança jurídica, até os investimentos que aqui estão, começam a dar sinais de cansaço, e muitos já estão fazendo as malas.
Interferências políticas na economia, revisão de contratos e reestatizações, provocam tempestades, e o capital está em busca de portos seguros para investimentos e rentabilidade.
O Brasil precisa de rumos políticos definidos de acordo com o pensamento do mundo democrático ocidental, de segurança jurídica em todas as áreas, marcos regulatórios adequados e políticas de fomento que estimulem investimentos em produtividade, e principalmente desoneração tributária.
Sem essas condições, o Brasil estará sempre na zona de rebaixamento do desenvolvimento, com consequências graves para toda a sociedade, especialmente os mais pobres, que jamais conseguirão quebrar o ciclo da pobreza.
Não é possível apoiar um modelo como esse, que provoca desinvestimentos, condenando o país ao sucateamento.
Temos um potencial de investimentos de fazer inveja, e uma incompetência humilhante em aproveitar oportunidades.
Roberto Campos disse “que o Brasil nunca perde a oportunidade de perder oportunidades”
Ele estava, e ainda está coberto de razão.
Infelizmente.

T&D