A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em colaboração com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) do Rio Grande do Sul, vai oficializar em junho um plano emergencial e estruturante para reabilitar as atividades agropecuárias gaúchas, afetadas pelas recentes chuvas.
O plano abrange uma série de iniciativas de pesquisa, desenvolvimento, inovação e transferência de tecnologia a fim de recuperar as áreas afetadas. Estratégias como o diagnóstico regional in loco, a compilação de dados e o uso de tecnologias geoespaciais serão utilizadas para definir quais são as áreas prioritárias e propor planos de intervenção.
Está prevista também a criação de repositórios de informações técnicas de forma digital.
No curto prazo, as entidades sugerem ações como o mapeamento de fornecedores de sementes, a multiplicação de mudas em regiões não afetadas e a implantação de quintais orgânicos.
Em um segundo momento, a proposição de políticas públicas para aquisição de insumos agrícolas e a elaboração de projetos para recuperação de áreas degradadas, além da recuperação dos solos degradados, um manejo conservacionista do solo e da água e a restauração florestal.
As ações, que serão coordenadas pela “Plataforma para mitigação de efeitos dos eventos climáticos adversos na agropecuária da região Sul do Brasil”, estão sendo elaboradas em parceria com órgãos dos governos federal, estadual e municipal, buscando melhorar o diagnóstico dos impactos e identificar regiões prioritárias para intervenção.
Além disso, as medidas têm sido discutidas em conjunto com instituições de pesquisa, ensino e entidades do setor produtivo. Um comitê extraordinário foi criado para enfrentar a crise no Estado, composto por representantes da Embrapa e outras entidades.
Efeitos preliminares
Um monitoramento por satélite divulgado pela Embrapa mostrou uma área total atingida de 506.774 hectares, envolvendo 255 municípios. A partir de recortes territoriais, foram avaliados 341.184 imóveis rurais em 255 municípios atingidos pela mancha de inundação.
“Dos mais de 300.000 imóveis, 21.000 foram impactados pelas enchentes, além de 1.559 estabelecimentos agropecuários. O impacto na vegetação nativa ultrapassa os 90.000 hectares, em especial nas Áreas de Preservação Permanente (APPs) de beira de rios”, explicou Gustavo Spadotti, Chefe-Geral da Embrapa Territorial (SP).
Em relação à infraestrutura, foram atingidos 85 armazéns rurais, o que representa cerca de 750.000 toneladas de grãos, entre arroz, soja, milho e trigo. Não se sabe, no entanto, a dimensão das perdas nesses armazéns. Houve ainda bloqueio parcial de 49 rodovias e total de 42, dificultando não apenas o escoamento das safras, mas também a chegada de suprimentos.
Spadotti indicou que os estudos serão expandidos para mensurar também os prejuízos causados por deslizamentos, uma vez que esse primeiro levantamento teve como foco as enchentes. Ainda será avaliada, igualmente, a situação de estruturas produtivas, como granjas de suínos e aves.
Globo Rural