Documentos obtidos por Oeste mostram que filiados e ex-integrantes de partidos de esquerda participaram dos protestos do 8 de janeiro. Eles foram presos por causa dos atos de vandalismo na Praça dos Três Poderes.
Elisiane Lucia Harms, de Foz do Iguaçú (PR), é filiada ao PT desde setembro de 2009. Marina Camila Guedes Moreira, de Barueri (SP), milita nas trincheiras ao PCdoB desde 2015. Também é o caso de Ana Elza Pereira da Silva, ligada há 22 anos ao hoje denominado Cidadania (ex-PPS, oriundo do “Partidão”). Por que essas três militantes de esquerda estavam misturadas a milhares de pessoas que foram a Brasília ou permaneciam acampadas em frente ao quartel do Exército no dia 8 de janeiro? Por que protestavam contra a vitória de Lula nas eleições do ano passado?
Elisiane e Marina estão em liberdade provisória, com tornozeleira eletrônica, em seus Estados. Ana Elza segue presa na Colmeia, no Distrito Federal.
Ex-filiados a partidos de esquerda participaram do 8 de janeiro
Na lista de ex-filiados aparece Edna Borges Correa, que passou uma década filiada ao PT e só deixou a legenda em abril do ano passado. Ela também foi integrante do antigo PPS.
Jupira Silvana da Cruz Rodrigues, detida com os demais, esteve nas fileiras do PT entre 2001 e 2007.
Edna é ré num processo que a acusa de participar de organização criminosa. Ela e Jupira continuam presas. Uma advogada recebeu queixas de clientes detidas com Jupira. Segundo a defesa, a mulher provoca confusão com as demais detentas e revelou ser de esquerda. O que ela fazia na Praça dos Três Poderes naquele dia?
Até o momento, veículos de comunicação da grande imprensa e o próprio PT descartam a tese segundo a qual havia infiltrados no 8 de janeiro, mesmo com vídeos registrados pelos próprios manifestantes.
O governo não quer, mas a versão será uma das linhas de investigação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro no Congresso Nacional.
Leia também: “O que aconteceu no 8 de janeiro?”, artigo de Silvio Navarro publicado na Edição 161 da Revista Oeste
Marcos do Val vai compor CPMI do 8 de janeiro; a suplência do Podemos vai ficar com o senador Styvenson Valentim (Podemos-RN)
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) vai ser o indicado do partido para compor a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro. Conforme apurou Oeste, a suplência da legenda vai ficar com o senador Styvenson Valentim (Podemos-RN).
Do Val é um dos parlamentares que atuou em prol da CPMI. Em suas redes sociais, ele afirma que possui documentos, vídeos e fotos que comprovariam a leniência do governo durante os atos de vandalismo na Praça dos Três Poderes.
De acordo com o senador, ele está apenas aguardando a CPMI começar para revelar tudo o que possui, principalmente acerca do ministro da Justiça, Flávio Dino.
Na terça-feira 9, durante uma sessão na Comissão de Segurança Pública, Do Val e Dino discutiram. O senador do Podemos havia dito que acessou um relatório da Abin que detalhava as manifestações do 8 de janeiro. Em seguida, Do Val apresentou um vídeo que mostrava Dino explicando como agiu para conter os vândalos do dia 8.
A gravação, segundo Do Val, comprovava as inúmeras contradições de Dino sobre suas ações no dia 8. “Tenho muitos documento que comprovam a presença de Dino na Praça dos Três Poderes. Vou apresentar na CPMI”, disse Do Val. “Espero que o senhor seja preso.” Em seguida, Dino debochou do parlamentar, dizendo que pertencia aos “Vingadores”.
“Se o senhor quiser podemos fazer um debate, mas não precisa ir em frente ao Ministério da Justiça. Se o senhor é da Swat, eu sou dos Vingadores”, disse o ministro.
Oeste apurou ainda os nomes dos demais integrantes da CPMI. O leitor pode conferir neste link