(Investing) – O Ibovespa fechou em alta de mais de 1% nesta segunda-feira, voltando a orbitar os 120 mil pontos, em movimento endossado pelo avanço de ações de siderúrgicas e mineradoras, em particular Vale, além de nova melhora nas projeções de inflação e para a taxa básica de juros no país.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,34%, a 119.672,78 pontos. Na máxima, chegou a 119.877,04 pontos.
O volume financeiro na sessão somou 21,4 bilhões de reais, afetado na parte da tarde pelo fechamento antecipado das bolsas norte-americanas por causa do feriado do Dia da Independência nos Estados Unidos na terça-feira. A média diária em 2023 é de 26 bilhões de reais. Em junho, foi de 29,6 bilhões de reais.
A pesquisa Focus, divulgada pelo Banco Central nesta segunda-feira, mostrou “melhoria considerável das expectativas de inflação de 2025-26”, nas palavras do Goldman Sachs (NYSE:GS), bem como recuo nas previsões de 2023 e 2024, além de queda nas projeções para a Selic no final deste ano — para 12%, de 12,25% ao ano estimado anteriormente.
Na visão da Commcor, na cena doméstica, o momento é de confiança no início do ciclo de corte da Selic na próxima reunião do Copom, em agosto, com investidores apenas divididos sobre o ritmo do corte a ser feito pelo Banco Central, com apostas entre redução de 0,25 e 0,50 ponto percentual.
A equipe da corretora destacou em nota a clientes nesta segunda-feira que a pesquisa Focus trouxe relevantes ajustes baixistas nas projeções inflacionárias, especialmente de longo prazo, “movimentos que reforçam o atual fechamento da curva de juros futuros”.
A bolsa paulista já vinha se beneficiando do alívio recente nas taxas futuras de juros, o que alguns estrategistas avaliam que pode continuar, conforme o debate sobre a reforma tributária se intensifica, o afrouxamento monetário começa e as condições financeiras melhoram, enquanto outros analistas mostram mais cautela.
Para analistas da BB Investimentos, o recuo nos contratos de DI e sua influência positiva sobre a redução do custo de capital das companhias é inegável, mas esse movimento já foi observado, sendo necessários sinais mais claros em relação às perspectivas de crescimento, que por ora têm surpreendido positivamente.
“À medida que o mercado incorpore uma melhora de conjuntura nos indicadores de atividade, poderíamos vivenciar um movimento de revisões das estimativas de crescimento das companhias do nosso universo de cobertura”, afirmaram Victor Penna e Wesley Bernabé, ponderando que, por enquanto, não é essa a percepção geral da equipe da casa.
Ainda assim, como exercício e tomando as estimativas atuais de lucros do Ibovespa para os próximos 12 meses, para operar próximo às médias históricas de longo prazo o índice deveria ser negociado entre 150 mil e 160 mil pontos, o que mostra que o preço atual não está caro, pelo contrário.
Eles consideram, contudo, ser pouco provável que o rali se desenvolva até esses patamares. E até que a safra de balanços do segundo trimestre seja finalizada, em agosto, afirmaram que não devem promover alterações no preço-alvo do Ibovespa para 2023, em 127 mil pontos.
Para a semana, a XP Investimentos (BVMF:XPBR31) avalia que o foco no Brasil estará voltado para a agenda política, com a Câmara dos Deputados em esforço concentrado para votar o novo arcabouço fiscal (que retornou à Câmara após passar por mudanças no Senado), as mudanças no Carf e a reforma tributária.
“Os dois primeiros projetos são considerados fundamentais pela equipe econômica para, respectivamente, dar previsibilidade à trajetória fiscal e ampliar a arrecadação neste e nos próximos anos e, assim, cumprir as metas de resultado primário”, afirmou a equipe de plataforma de investimentos em relatório à clientes.
“Já a reforma tributária é considerada um projeto estruturante, com impactos de longo prazo no crescimento econômico.”
No caso da reforma tributária, fontes envolvidas nas negociações afirmaram que uma solução para a “guerra fiscal” praticada por Estados e a gestão centralizada do novo tributo que vai unificar o ICMS e o ISS são dois dos principais pontos de impasse para a votação nesta semana da proposta.