(Reuters) – O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira, pressionado pelo viés externo negativo, em meio a receios sobre os próximos passos do Federal Reserve, e com as negociações envolvendo a votação da reforma tributária na Câmara dos Deputados também sob os holofotes.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,78%, a 117.425,7 pontos. O volume financeiro somou 21,7 bilhões de reais.
Com tal desempenho, o Ibovespa pode encerrar a primeira semana de julho no vermelho — até o momento acumula perda de 0,56%.
Nos Estados Unidos, um dia após a ata da última decisão política monetária do Federal Reserve, dados nesta quinta-feira mostraram criação de vagas no setor privado acima das expectativas.
A pauta dos EUA ainda teve aceleração do setor de serviços em junho, enquanto os pedidos semanais de auxílio-desemprego tiveram alta moderada, corroborando a cautela antes da divulgação do relatório de empregos do Departamento do Trabalho norte-americano na sexta-feira.
Em Wall Street, o S&P 500 caiu 0,79%.
No Brasil, as atenções ficaram voltadas para Brasília, em meio às discussões sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária.
Coordenador do grupo de trabalho da reforma na Câmara dos Deputados, o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) afirmou mais cedo que a ideia é votar o texto em primeiro e segundo turno na Casa até sexta-feira, enquanto o plano do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), era começar o processo de votação ainda nesta quinta-feira.
Uma das preocupações no mercado é de que, embora exista uma proposta, dada a falta de consenso, possa haver mudanças significativas antes de o texto ser colocado em votação. Na véspera, o relator da reforma apresentou seu parecer com algumas alterações
Entre os ajustes, a Warren Rena considerou negativa a alteração no cronograma de redução das alíquotas de ICMS/ISS, pois “posterga em demasia a transição dos tributos subnacionais para as vésperas da extinção, elevando o risco de alteração na Constituição quando se aproximar o derradeiro ano de 2033”.
Estrategistas do Itaú BBA também destacaram o fato de que a PEC aborda diversos temas, mas os principais detalhes só serão definidos posteriormente, por meio de regulamentação via lei ordinária federal ou lei complementar, segundo relatório de Marcelo Sá e equipe enviado a clientes.
Em meio à priorização da reforma tributária na pauta da Casa, cresceram as chances de a votação da nova regra fiscal pela Câmara — após alterações no projeto pelo Senado — ficar para agosto. O avanço do arcabouço foi um dos componentes que apoiaram o rali recente na bolsa.
O próprio relator do arcabouço fiscal, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), afirmou em entrevista à Reuters que a votação do novo marco fiscal pelo plenário deve ficar para o próximo mês. “Não estou vendo espaço para votar o Carf e só depois dela é que vai se votar o arcabouço”, disse.