Por Isadora Duarte
A ideia do governo de eventualmente recorrer a medidas heterodoxas para combater a inflação de alimentos pode levar o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, a deixar a pasta. Fontes próximas ao ministro afirmam que o ministro está descontente com a forma como o Executivo tem enfrentado a questão envolvendo a inflação de alimentos. Por lealdade ao presidente Lula, não faria críticas, cogitando então a opção de entregar o cargo.
Fávaro estaria, segundo fontes, incomodado com a orientação da alta cúpula ao presidente Lula sobre preços de alimentos. A avaliação do ministério é que estão passando informações equivocadas ao presidente sobre preços de alimentos, como feijão a R$ 16/kg ante R$ 5 e óleo de soja a R$ 14 a unidade ante R$ 7,49 praticado no mercado.
Uma reunião agendada para a tarde desta terça-feira no Palácio do Planalto, envolvendo a Casa Civil, pode ser decisiva para o futuro do ministro no governo. Na reunião o governo discute ações para o enfrentamento da inflação de alimentos. Entre as medidas em avaliação estariam a limitação de exportações por cotas e a redução da tarifa de importações de alimentos, com as quais Fávaro e sua equipe técnica discordam terminantemente.
Cientes do descontentamento de Fávaro, representantes do setor produtivo avaliam que, diante da adoção de medidas heterodoxas, a saída é um caminho inevitável para o ministro preservar a sua reputação e credibilidade junto ao setor. A reportagem apurou que lideranças do agronegócio têm ligado ao ministro para demovê-lo da ideia.
Procurado, o ministro negou.
Estadão