O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que a vitória expressiva do governo na votação que aprovou a Medida Provisória 1154/23, que reestrutura os ministérios, não significa que há uma base consolidada de apoio ao governo. Foram 337 votos favoráveis ao texto e 125 contrários.
A MP aprovada fixa o número de ministérios em 31, além de 6 órgãos com status de ministério, em um total de 37 ministros.
Segundo Lira, “daqui para frente, o governo tem que andar com suas próprias pernas e não haverá nenhum tipo de sacrifício dos parlamentares”, avisou.
Lira explicou que os partidos independentes e de centro, principalmente, deram mais uma oportunidade ao governo, embora quisessem mandar um recado ao Planalto sobre a necessidade de participar mais ativamente da vida do País e do Congresso.
“O governo sabe e tem consciência que a acomodação política não está feita, não tem base consolidada, o líder José Guimarães (PT-CE) tem consciência disso, e convencemos nossos deputados que é importante que o governo tenha sua gestão, muito embora muitos queriam demonstrar ao governo para que participe mais da vida ativa do País”, afirmou Lira.
“Não foi feito nenhum acordo, foi muita conversa e tranquilidade para conduzir essa votação para que se chegasse um painel tão elástico”, disse o presidente da Câmara.
Para Lira, a partir da votação de ontem, o governo terá a oportunidade de voltar a trabalhar em busca de uma base mais consolidada e uma articulação política mais correta para ter “dias mais tranquilos”, ponderou.
Vitória “doída”
Após a aprovação da Medida Provisória 1154/23, na madrugada desta quinta-feira (1º), o líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), reconheceu que foi uma vitória “doída” e “gratificante” diante de tantas reclamações sobre a articulação do Palácio do Planalto com a Câmara dos Deputados.
José Guimarães reconheceu que o governo tem problemas de articulação que precisam ser resolvidos. “Os líderes suaram no diálogo e deram crédito ao governo mesmo com as extremas dificuldades que vivenciamos – das demandas não resolvidas, dos ‘chás de cadeira’ dos ministros, daquilo que não foi encaminhado”, disse Guimarães.
Lealdade cobrada
O líder do União Brasil, deputado Elmar Nascimento (União-BA), chegou a revelar que os líderes fizeram uma reunião de “lavagem de roupa suja” antes da votação e cobrou lealdade e credibilidade nas negociações.
“Depois que ficamos até a meia-noite de ontem [terça-feira] fazendo lavagem de roupa suja, devo dizer que a insatisfação é geral, todos os líderes reconhecem”, afirmou. Elmar Nascimento não poupou críticas ao Planalto. “Tudo isso é fruto da forma contraditória, desgovernada, da falta de uma base estabilizada”, criticou.
Agora a medida provisória precisa ser votada hoje pelo Senado para não perder a validade.
Fonte: Agência Câmara de Notícias
RETALIAÇÃO:
STF já tem data para retomar julgamento de denúncia contra Lira
Processo estava travado desde 2020 após pedido de vistas do ministro Dias Toffoli sobre um recurso da defesa do deputado
O julgamento em que Arthur Lira pode se tornar réu por corrupção passiva retorna ao Supremo Tribunal Federal na próxima terça-feira. O processo estava parado desde 2020, quando o ministro Dias Toffoli pediu vistas sobre um recurso apresentado pela defesa do deputado.
O presidente da Câmara teria recebido, conforme a denúncia, mais de 106.000 reais de propina para apoiar a presidência de Francisco Carlos Caballero Colombo à presidência da Companhia Brasileira de Trens Urbanos, quando era líder do PP. O dinheiro foi apreendido em espécie com um assessor de Lira no Aeroporto de Congonhas.
Em abril deste ano, a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, recuou e pediu ao STF que recuse a denúncia. Segundo a vice-PGR, a delação do doleiro Alberto Youssef não oferece elementos suficientes para embasar a acusação contra Lira.
https://veja.abril.com.br/coluna/radar/stf-ja-tem-data-para-retomar-julgamento-de-denuncia-contra-lira/
TRÉPLICA:
Lira vai dar o troco no governo, diz articulista de O Globo
“Espumando de raiva”, por Lauro Jardim
Arthur Lira, na definição de um aliado, passou o dia de ontem “espumando de raiva” com a operação da PF que teve como alvo Luciano Ferreira, seu ex-assessor. Lira não admitiu em público o golpe (“Nada tenho a ver com essa operação”, disse), mas o seu entorno não tem a menor dúvida de que o troco virá.
E será da forma em que ele sabe operar: nas votações na Câmara. Diz um aliado:
— Fora a reforma tributária, que interessa ao governo e ao Arthur, nenhum projeto do governo vai ter vida fácil na Câmara. https://oglobo.globo.com/blogs/lauro-jardim/post/2023/06/espumando-de-raiva-lira-vai-dar-o-troco-no-governo.ghtml