(OGLOBO) – A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que as plataformas de redes sociais apresentem todas as publicações do ex-presidente Jair Bolsonaro referentes a eleições, urnas eletrônicas, Forças Armadas e o próprio STF, entre outros temas.
O pedido foi feito nesta segunda-feira em um inquérito que investiga a instigação e autoria intelectual dos atos golpistas de 8 de janeiro, que tem Bolsonaro como um dos alvos. O relator é o ministro Alexandre de Moraes.
O subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos, responsável pelas investigações dos atos golpistas, ressalta que essa solicitação já havia sido feita, mas que não foi analisada por Moraes. Por isso, Santos reiterou o pedido nesta segunda.
A PGR quer acesso a publicações de Bolsonaro em redes como Facebook, Instagram, TikTok, Youtube, Twitter e Linkedin que sejam “referentes a eleições, urnas eletrônicas, Tribunal Superior Eleitoral, Supremo Tribunal Federal, Forças Armadas e fotos e/ou vídeos com essas temáticas.
Além disso, quer que as redes apresentem as métricas de cada publicação, como visualizações, curtidas, compartilhamentos e comentários. Ainda foi solicitada uma lista completa dos seguidores de Bolsonaro.
O objetivo é obter “dados concretos” que possam “fundamentar uma análise objetiva do alcance das mensagens, vídeos e outras manifestações publicadas pelo ex-presidente da República nas redes sociais”.
Bolsonaro foi incluído no inquérito por ter compartilhado, dois dias após o 8 de janeiro, um vídeo acusando, sem provas, a ocorrência de uma fraude nas eleições do ano passado. Em depoimento prestado à Polícia Federal (PF), Bolsonaro afirmou que publicou o vídeo por engano.
Participação de especialista
Moraes incluiu o ex-presidente na investigação atendendo a um pedido da PGR, que, por sua vez, foi baseado em uma representação assinada por 79 membros do Ministério Público Federal (MPF) pedindo a investigação de Bolsonaro pelo vídeo.
O relator aceitou duas sugestões que constavam na representação, mas não no pedido da PGR: a oitiva de um “especialista em comunicação política de movimento extremistas”, para analisar os “potenciais efeitos” do vídeo, e de “especialistas em monitoramento de apoiadores Jair Bolsonaro nas redes sociais”, para avaliar o impacto do vídeo.
Na manifestação desta segunda, a PGR afirma que foi contrária a esses pontos devido à “extrema dificuldade de identificar um especialista em monitoramento de grupos de apoiadores de Jair Bolsonaro que executasse um trabalho isento, sem qualquer viés ideológico ou partidário”.
Além disso, afirma que não há motivo de um especialista analisar a repercussão do vídeo, porque ele foi publicado após os atos golpistas.
Entretanto, a PGR ressalta que a investigação pode apontar “a prática de outro (s) crime (s) por Jair Messias Bolsonaro”.