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Fábio Meirelles, presidente da Faesp há 48 anos, quer votar quitação plena e irretratável de toda sua gestão (Folha de S. Paulo)

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FOLHA DE S. PAULO: Presidente da Faesp (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo) desde 1975, Fábio Meirelles, 94, convocou uma assembleia para tentar votar nesta segunda-feira (8) a quitação “ampla, plena, rasa, geral e irretratável” da administração até hoje, “nada podendo reclamar dos gestores quanto ao passado, natureza ou tempo e a que título for”.

A votação na assembleia será secreta e, caso não haja o número mínimo de delegados representantes presentes às 9h15, ela será realizada qualquer que seja o número de participantes a partir das 9h30.

Representante de empresários rurais do Estado, a Faesp foi bancada historicamente pela contribuição sindical obrigatória. Com o fim da obrigatoriedade nos últimos anos, os recursos do tipo caíram, mas ainda assim acumularam mais de R$ 3 milhões em 2021. Em 2016, o repasse chegou a R$ 16 milhões.

Fábio Meirelles, presidente da Faesp, durante evento da Agrishow em 2017
Fábio Meirelles, presidente da Faesp, durante evento da Agrishow em 2017 – Alf Ribeiro-29.mar.2017/Folhapress

A Faesp representa empresários rurais, médios e grandes proprietários paulistas, reunindo 237 sindicatos rurais.

Opositores de Meirelles na entidade apontam a medida como uma manobra abusiva e sem validade legal em sua tentativa de dar um salvo-conduto a quase meio século de administração. Um dos principais adversários do presidente da Faesp é Paulo Junqueira, produtor rural que é próximo de Jair Bolsonaro (PL) e foi um dos responsáveis por sua participação na Agrishow deste ano.

Em nota, a Faesp afirma que a assembleia foi convocada para votar a prestação de contas de 2022 e que “talvez a objetividade do tema tenha gerado algum questionamento”.

Convocação para Assembleia da Faesp publicada no Diário Oficial empresarial em 27 de abril
Convocação para Assembleia da Faesp publicada no Diário Oficial empresarial em 27 de abril – Reprodução

“Ressaltamos que todas as contas dos anos anteriores já foram aprovadas. Portanto, não existe nada de abusivo quando a única intenção é encaminhar a pauta para otimizar o tempo dos delegados dos sindicatos rurais filiados”, completa.

Uma série de reportagens da Folha mostrou indícios de irregularidades da gestão de Meirelles à frente da Faesp, com favorecimento a seus filhos. A entidade contratou, por exemplo, uma empresa da filha do presidente para fazer a cobrança administrativa de empresários e proprietários rurais que não estavam pagando a contribuição sindical espontaneamente. Tirso Meirelles, também filho, é vice-presidente da Faesp e também do Sebrae-SP.

REVISTA OESTE: Faesp é comandada há quase 50 anos pelo mesmo presidente, Fabio Meirelles

O deputado estadual Lucas Bove (PL) protocolou na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) uma moção de repúdio à Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), cujo presidente, Fabio Meirelles, comanda a instituição há mais de 50 anos.

A iniciativa de Bove veio depois de reportagem publicada na Edição 162 de Oeste, na qual a jornalista Joice Maffezzolli relata todas as investigações e processos contra o presidente da Faesp, que foi reeleito 12 vezes consecutivas para o cargo, desde 1975. Antes disso, a partir de 1964, tinha sido vice-presidente da entidade, a maior federação patronal do Brasil. Agora, aos 95 anos, Meirelles tem a intenção de deixar a presidência da entidade para o filho. A reportagem Uma capitania hereditária no agronegócio pode ser lida aqui.

Na moção de repúdio, Lucas Bove cita a pauta da próxima Assembleia Geral Extraordinária (AGE) da Faesp, que pretende aprovar um atestado de idoneidade para a atual administração, impedindo qualquer questionamento sobre a lisura de atos pretéritos.

Consta da convocação da assembleia, marcada para segunda-feira, 8 de maio, a seguinte ordem do dia: “Outorga de ampla, plena, rasa, geral, irretratável quitação à administração da FAESP até  presente data, nada podendo reclamar dos gestores quanto ao passado, natureza ou tempo e a que título for.” A votação será secreta, informa a publicação, feita no Diário Oficial do Estado de São Paulo no dia 28 de abril.

Foi o deputado Bove quem traduziu a intenção de Meirelles com a votação: “Em outras palavras, além de aprovar absolutamente tudo já realizado pela presidência, o item ainda impede qualquer questionamento de atos passados da administração.”

Em razão disso, afirmou o parlamentar estadual, e considerando o histórico do presidente da Faesp, “manifesta repúdio à convocação às pressas de Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária pela Fasp, com o objetivo de aprovar, sem restrições e sem qualquer possibilidade de questionamento futuro, os atos da administração da entidade até a presente data”, escreveu, na moção de repúdio.

Depois de reportagem de Oeste, deputado emite moção de repúdio à federação do agro. Abaixo, a manifestação de Paulo Junqueira, presidente do Sindicato de Rib. Preto.

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