O chefe do grupo de mercenários russo Wagner, Yevgeny Prigozhin, anunciou neste sábado (20/05) a tomada da cidade de Bakhmut, na Ucrânia, cercada há 10 meses por suas unidades paramilitares.
“Hoje ao meio-dia foi tomado na cidade de Bakhmut o último reduto do bairro Samoliot”, afirmou Prigozhin, com uma bandeira russa nas mãos e acompanhado por vários combatentes. Ele destacou que “a operação para tomar Bakhmut, ‘moedor de carne de Bakhmut’, durou 224 dias” e tinha como objetivo desgastar o Exército ucraniano e “dar o maltratado Exército russo uma chance de se recuperar.”
Foi uma campanha sangrenta que também revelou profundas tensões entre Prigozhin e o Ministério da Defesa russo, que ele repetidamente acusou de fornecimento insuficiente de armas e munições e de permitir que unidades regulares fugissem das posições assumidas pelo grupo paramilitar.
Kiev nega mas diz que situação é “crítica”
Kiev imediatamente negou que suas forças estivessem deixando a cidade. A vice-ministra da Defesa ucraniana, Hanna Malyar, afirmou que “combates pesados” continuam, embora ela tenha admitido que “a situação é crítica”.
“No entanto, nossas forças mantêm a defesa do bairro Samoliot”, disse ela, observando que os defensores da cidade “controlam algumas instalações industriais e de infraestrutura nesta área e no setor privado”.
O porta-voz do comando oriental das Forças Armadas Ucranianas, Serhiy Cherevaty, foi mais categórico ao afirmar que “isso é mentira. Nossas unidades estão lutando em Bakhmut”.
Nos últimos dias, a Batalha de Bakhmut tornou-se uma espécie de corrida em duas frentes: enquanto dentro da cidade, as forças de Wagner avançavam cada vez mais para o oeste e gradualmente ocupavam os últimos bairros, as forças ucranianas forçaram a retirada de unidades regulares que deveriam manter os flancos da cidade.
“Lutamos também contra a burocracia russa”
Esta situação irritou repetidamente Prigozhin, que seguidamente atacou o Ministério da Defesa russo.
“Lutamos em Bakhmut não só contra o exército ucraniano, mas também contra a burocracia russa que nos meteu paus nas rodas, refiro-me especialmente aos burocratas próximos dos círculos militares”, denunciou, depois de anunciar a tomada de Bakhmut.
O chefe do Grupo Wagner foi mais preciso ao afirmar que o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, e o chefe do Estado-Maior russo, Valeri Gerasimov, “transformaram esta guerra em entretenimento pessoal” e ao dizer que seus “caprichos” custaram um grande número de baixas ao grupo paramilitar.
Coalizão de caças
Enquanto isso, a Ucrânia saudou o anúncio do presidente dos EUA, Joe Biden, que disse na cúpula do G7 na cidade japonesa de Hiroshima que Washington apoiará um esforço conjunto para treinar pilotos ucranianos para operar aeronaves de quarta geração, incluindo caças F-16.
“Saúdo a decisão histórica dos EUA e do presidente dos EUA de apoiar uma coalizão internacional de aeronaves de combate. Isso vai melhorar muito nosso exército nos céus”, tuitou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, nesta sexta-feira, horas antes de chegar ao Japão.
Ucrânia diz que combates continuam
(Reuters) – O líder mercenário russo Yevgeny Prigozhin disse neste sábado que seus soldados do Grupo Wagner completaram a captura de Bakhmut, mas a Ucrânia rejeitou essa reivindicação e disse que as lutas ainda estavam em andamento.
Prigozhin fez a alegação em um vídeo no qual apareceu em uniforme de combate diante de uma linha de soldados segurando bandeiras da Rússia e banners do Grupo Wagner.
“Hoje, ao meio-dia, Bakhmut foi completamente tomada”, disse Prigozhin. “Nós tomamos completamente a cidade, de casa em casa”.
O porta-voz militar ucraniano, Serhiy Cherevatyi, disse à Reuters: “Isso não é verdade. Nossas unidades estão lutando em Bakhmut”.
Bakhmut tem sido o foco da batalha mais longa e sangrenta da guerra da Rússia na Ucrânia, que está quase no fim do seu 15º mês.
Kiev debaixo de ataque com drones (RTP)
Na última madrugada, a capital da Ucrânia voltou a ser alvo de uma vaga de drones da Rússia. Vários destes aparelhos de produção iraniana foram abatidos sobre Kiev, como testemunharam os enviados da RTP.
Este foi o 11.º ataque a Kiev só no mês de maio.
Ao todo, as forças russas terão lançado 21 aparelhos não tripulados. Dezoito foram destruídos pela defesa antiaérea. Os alarmes fizeram-se ouvir logo após a 1h00. Cinco minutos depois, ocorreu a primeira explosão.
Os destroços dos drones causaram um incêndio no telhado de um prédio de nove andares e partiram os vidros de automóveis, sem notícia de vítimas.
Ucrânia prepara-se para receber F-16 dos EUA; Rússia alerta para risco colossal
A Ucrânia vai mesmo receber aviões de combate F16. A Rússia diz que a decisão dos Estados Unidos traz riscos colossais. Pequim e Moscou acusaram o grupo dos países mais industrializados do mundo de estar a criar divisões e confrontação.